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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Resenha - Um Gato de Rua Chamado Bob de James Bowen



Quando James Bowen encontrou um gato ferido, enrolado no corredor de seu alojamento, ele não tinha ideia do quanto sua vida estava prestes a mudar. Bowen vivia nas ruas de Londres, lutando contra a dependência química de heroína, e a última coisa de que ele precisava era de um animal de estimação. No entanto, ele ajudou aquele inteligente gato de rua, a quem batizou de Bob (porque tinha acabado de assistir a Twin Peaks).
       Depois de cuidar do gatinho e trazer-lhe a saúde de volta, James Bowen mandou-o embora imaginando que nunca mais o veria. Mas Bob tinha outras ideias. Logo os dois tornaram-se inseparáveis, e suas aventuras divertidas — e, algumas vezes, perigosas — iriam transformar suas vidas e curar, lentamente, as cicatrizes que cada um dos dois trazia de seus passados conturbados.

Um Gato de Rua Chamado Bob é uma história comovente e edificante que toca o coração de quem a lê.

       Não sei o que esperava quando escolhi ler esse livro, creio que fui movida muito mais pela curiosidade do que qualquer outro motivo. Seria uma experiência nova ler um livro sobre um gato e por ser curto, também seria uma leitura fácil. E mais uma vez um livro me surpreendeu de forma gratificante.

       Por seu jeito (e escrita) simples, gostei de James logo de cara. Sua fala é fluida e leve, bem humorada até. O que mais me chamou a atenção nele é a forma “pé no chão” que ele enxerga sua vida e o mundo. A situação de James não é das melhores e ele sabe disso, tem consciência também de como as coisas podem ficar ruins, mas sabe lidar com elas o suficiente para deixa-las estáveis. E temos Bob. Vemos Bob do ângulo de James e talvez por ser escrito com tanto afeto, acabamos sendo influenciados por esse gato laranja e sapeca. Os dois fazem uma combinação perfeita no papel, o que me fez amar rapidamente tanto o bichano quanto o seu dono.

       O livro nos mostra cerca de dois anos da vida de James, os primeiros com Bob. Conta como o gato foi encontrado e a trajetória dele com seu novo guardião. Ouso dizer que é quase uma coletânea de contos, de uma forma ou de outra, nos são apresentadas várias historias sobre a vida de Bob e James. Digamos que não siga um roteiro, um enredo propriamente dito. Não possui uma ordem cronológica linear, são contadas duas historias paralelas de certa forma: James sem Bob e James com Bob . O engraçado é que na maioria das vezes que “James sem Bob” nos é apresentado, é porque foi precedido de “James com Bob”. Sempre mostrando e explicando como e porque, o dono do felino ficou nas condições em que se encontra. Estamos sempre fazendo essa integração no livro, entre o passado e a atualidade.

       Por ser narrado em primeira pessoa, é de fato uma historia contatada, com pouco diálogos e muitos momentos de reflexão, o que acaba tornando o livro repetitivo em alguns momentos. Embora essa pulga ficasse me coçando a orelha em alguns momentos, todos os outros pontos positivos do livro me fizeram superar esse. Mas é um risco que eu sei que corro sempre que me disponho a ler algo em primeira pessoa (o mais comum hoje em dia).

       Eu fiquei perdidamente apaixonada pelo o que eu li, é de fato uma historia de superação. Foi inspirador para mim acompanhar o passo a passo de James, vê-lo ter esperanças graças a Bob e ao mesmo tempo, repetir para si mesmo que as coisas não são fáceis daquele jeito, que não vão continuar assim para sempre. Acredito que esse seja um dos pontos mais fortes de James, ele sempre aceitou suas fraquezas e conviveu bem com elas, até o dia em que foi preciso coloca-las a prova. E as superou e continua superando, graças a Bob.

Por Luciana Araújo