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quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Matéria - Autor x Escritor

            Sabe aqueles momentos em que você fica divagando horas e horas sobre sua vida? Geralmente eu fico assim, mas pensando sobre coisas literárias. Numa dessas divagações eu cheguei ao dilema: a diferença entre autor e escritor. Você pode estar pensando “ué, mas não é a mesma coisa?!” Não, pelo menos do meu ponto de vista.

            Definições do dicionário:
· au.tor
(ô), s. m. 1. Aquele que é causa primária ou principal. 2. Inventor, descobridor. 3. Praticante de uma ação; agente. 4. Fundador, instituidor. 5. Escritor de obra literária, científica ou artística. 6. Dir. A parte que intenta uma demanda judicial. 7. Dir. Agente de um delito ou contravenção.
· es.cri.tor
(ô), s. m. 1. O que escreve. 2. Autor de composições de qualquer gênero literário.

Definições da Lu:
· Autor
Quem cria as tramas, os enredos, os personagens. A história em si.
· Escritor
Quem escreve (olhando assim, até parece que a parte do escritor é a de menor relevância).

     Já aconteceu de lerem algo e terem a impressão de que a historia é boa, mas foi mal trabalhada? Mal escrita? Ou acharam a escrita muito boa, mas a historia era fraca no enredo? E existem também aqueles maravilhosos casos em que tanto o enredo quanto a historia são incríveis.
     O que é pior, um enredo ruim ou uma escrita ruim? Difícil, hein? Ambos são igualmente frustrantes (embora eu ache que uma escrita ruim seja o pior de tudo). E como eu não posso falar desse assunto sem dar alguns exemplos palpáveis para vocês, vou comparar algumas obras.

Bom enredo, escrita ruim:
Cidade dos Ossos – Cassandra Clare

       É uma série da qual eu só li o primeiro livro e por isso, só falarei dele.
       Nesse primeiro livro Cassandra Claire tinha um tesouro em mãos, uma trama com romance, suspense, ação, intrigas, revelações de tirar o fôlego. E o que ela fez? Nada.
       O livro é fraco, parado. Limpo e seco. Cassandra foi infeliz ao prolongar em demasia uma historia que se tivesse sido levada direto ao ponto, teria sido genial. Eu só me empolguei com o livro, lá pelas cento e cinqüenta ultimas paginas, que foi quando Cassandra bombardeou o leitor com informações vindas de tantos lados e tantas cenas de ação acontecendo, que eu fiquei até zonza. Ela não soube escrever, não soube trabalhar a beleza de enredo que tinha em mãos. Enrolou, enrolou e enrolou. Não soube distribuir e apresentar as revelações, não deixou pistas para que os leitores tivessem aquele mágico momento de descoberta, de ter especulações que se provassem corretas. Algumas ela entrega de cara, outras ela joga na cara.
       Cassandra é uma ótima autora, mas uma escritora ruim.
  
Boa escrita, enredo ruim:
Crepúsculo – Stephanie Meyer

Essa série eu li toda, então posso falar de forma geral.
Sim, Meyer escreve bem. Mesmo sendo em primeira pessoa, ela nos dá um bom panorama de tudo que envolve as cenas e personagens.
Eu gosto das descrições, da ação entre uma cena e outra. Ela não é mecânica, o tempo todo tem algo acontecendo ali. O problema é o enredo. Ela nos deu uma garota submissa, um cara perfeito com uma família perfeita e um amor cego. Um conto de fadas água com açúcar. Eu particularmente gosto de algumas passagens da Bella, ainda no inicio do primeiro livro, a forma com ela pensa quando ainda está com a mente limpa. Meyer criou cenas belas, cenas encantadoras e cenas tensas na medida certa. Ela não forçou a historia, nem a subestimou. Quando Jacob causa a briga no casamento, fica um clima de “ai meu Deus D:”. Quando haviam segredos a serem revelados, ela foi dando dicas ao longo da trama, foi revelando aos poucos e mesmo assim deixando um clima de suspense no ar. A única coisa que faltou, foi ter uma boa historia para contar.
Stephanie é uma boa escritora, mas uma autora ruim.

Boa escrita, bom enredo:
Harry Potter – J. K. Rowling
           
Rowling é a menina dos olhos. O universo que ela criou e como trabalhou com ele, fizeram de Harry Potter o que ele é hoje. Imaginem se a série, com o enredo rico que possui, fosse mal escrita?
       Sua escrita é limpa, suave, vamos lendo sem perceber e sem nos importamos. J. K. é aquela escritora que nos enche de detalhes, sempre temos uma boa visão do cenário que estamos, como estão posicionados os personagens e ela faz isso sem deixar as coisas enfadonhas. Não torna a leitura mecânica daquele jeito que nos faz ler sem prestar atenção, loucos para terminamos tudo de uma vez. Ela joga pistas da trama o tempo todo, um simples ratinho apresentado no primeiro livro, se torna um dos personagens mais significativos do terceiro livro. A trama é bem amarrada, bem exposta. Ela nos apresenta o enredo de forma tão coerente, que chegamos até a ficar na duvida se aquilo tudo é realmente ficção. Harry Potter é uma obra completa, não isenta de falhas é claro, mas diante da eficiência da escritora-autora, os defeitos se tornam irrelevantes.
           
Também tem quem diga que escritor é aquele que ainda não foi publicado, e um autor já foi. Bobeira, em minha opinião, conheço pessoas que ainda não foram publicadas e que são autores e escritores maravilhosos e posso afirmar categoricamente que a falta deles no mercado editorial, é uma perda enorme para a literatura.


De modo geral, autor e escritor são sinônimos, mas essas definições são boas quando queremos dar ênfase à nossa opinião sobre determinado autor-escritor. E reflexões como essas, nos aprofundam mais no mundo literário e nos fazem aprender a analisar autores e obras com outros olhos, fazendo com que nos tornemos leitores melhores também. 

Por Luciana Araújo

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Resenha - Eu me Chamo Antônio, de Pedro Gabriel


      Antônio é o personagem de um romance que está sendo escrito e vivido. Frequentador assíduo de bares, ele despeja comentários sobre a vida - suas alegrias e tristezas - em desenhos e frases escritas em guardanapos, com grandes doses de irreverência e pitadas de poesia. Antônio é perito nas artes do amor, está sempre atento aos detalhes dos encontros e desencontros do coração. Quando está apaixonado, se sente nas nuvens e nada parece ter maior importância, e, quando as coisas não saem como esperado, é capaz de enxergar nas decepções um aprendizado para seguir adiante. Do balcão do bar, onde Antônio se apoia para escrever e desenhar, ele vê tudo acontecer, observa os passantes, aceita conversas despretensiosas por aí e atrai olhares de curiosos. Caso falte alguém especial a seu lado (situação bastante comum), Antônio sempre se acomoda na companhia dos muitos chopes pela madrugada.

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      Algumas vezes eu leio um livro sem ter visto uma sinopse ou resenha antes, inicio a leitura completamente cega e pronta para qualquer surpresa e foi assim que Eu me chamo Antonio acabou vindo parar em minhas mãos. De tanto uma amiga falar desse livro, eu acabei me rendendo e indo atrás dele, e dessa vez eu não estava preparada para a feliz surpresa que encontrei. Não existe muito que eu possa falar sobre ele aqui, Eu me chamo Antonio carrega em suas páginas um sentimento que eu não me atrevo a tentar descrever em simples palavras.


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      Pare um momento e esqueça tudo o que você sabe sobre os livros convencionais, porque neste você não vai encontrar nada disso. Trata-se de uma coletânea de fotos de frases escritas em guardanapos, tornando o livro como um todo, uma brilhante poesia. São colagens das fotos dos guardanapos que tem como fundo imagens relacionadas as frases, algumas são fáceis de decifrar e ler e outras nem tanto, pensando nisso o autor e a editora compilaram as frases e as dispuseram nas paginas finais do livro. É realmente um trabalho lindo e uma ótima opção para se ter na estante ou guardado num lugar bem especial.

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      Você não precisa ter pressa para lê-lo. Imagine-se sozinho em casa, num dia chuvoso, você está a fim de relaxar e coloca sua música preferida para tocar, vai à cozinha e pega uma xícara de café/chá/chocolate e senta com o livro em algum lugar confortável. Vai lendo e absorvendo devagar cada frase, cada palavra, as imagens como um todo; parando e refletindo, rindo ou chorando. Eu me chamo Antonio é um livro para ser degustado a bel-prazer, de forma suave e calma, como se até mesmo o fim do mundo pudesse esperar toda a eternidade para que você tenha a oportunidade de experimentar cada experiência que o livro lhe proporciona.


Por Luciana Araújo

Resenha - Quero Ser Seu, de Bela Andre


      Ryan Sullivan sempre gostou muito de Vicki, a quem conheceu na adolescência, quando ela lhe salvou a vida: no estacionamento da escola, um carro desgovernado só não o atropelou porque Vicki o empurrou para longe. Desde então, eles se tornaram melhores amigos — pelo menos, melhores amigos até onde um homem e uma mulher lindos e sedutores conseguem ser...
      O tempo passou, Vicki casou-se e se separou, e Ryan seguiu sua vida de solteiro. Até o dia em que Vicki pediu-lhe um favor: será que Ryan poderia fazer as vezes de seu namorado para afastá-la de um homem mal-intencionado e pegajoso?
      Ryan não negaria esse favor a sua amiga, de forma alguma... Não só pelo carinho que nutre por ela, mas também por uma característica de sua personalidade: Ryan faz o tipo protetor (o tipo de homem com que toda mulher sonha em algum momento da vida).
      Agora, depois de brincarem de namorados, será que os dois conseguirão manter a amizade de sempre?


      Quero ser seu é um livro adorável. Um romance doce e cativante que me fez suspirar a cada pagina lida. Ryan e Vicky formam o típico casal água com açúcar, mas são tão lindos juntos que a gente nem se importa de exalarem mel a cada frase trocada. Sou louca por “romances de banca” e Bella Andre me deu um prato cheio para ter meus momentos mulherzinha ao ler este.

      Ryan é charmoso, sedutor e possessivo; é só ele aparecer no livro que eu já sinto a testosterona exalando aos quatro ventos, ele é muito seguro de si e das coisas que realmente deseja, além de ser um amigo prestativo e com quem se pode contar sempre. Vicky é delicada, cativante e um pouco insegura; por conta de decepções anteriores, ela acaba obrigando-se a ser mais pé no chão com seus sentimentos, ela é adorável e generosa. O livro inicia com o primeiro encontro dos dois, aos quinze anos, o nascimento de uma amizade, depois pula cerca de dezesseis anos e após muitos desencontros - graças ao pedido de socorro de Vicky para Ryan - os dois amigos acabam se reunindo novamente. Por gentileza, ele acaba a convidando para passar uns dias em sua casa, enquanto ela trabalha em seu projeto para um concurso de escultores (Ryan é um famoso jogador de basebol), é a partir desse pequeno gesto que vemos as coisas entre eles ficando mais intensas, a convivência e as recordações do passado fazem com que se sintam ainda mais conectados e isso acaba despertando desejos e sonhos antigos. Para completar, eles têm de enfrentar James e por tabela, Anthony, duas pedras no sapato que incomodam bastante.

      Uma das minhas maiores felicidades com esse livro é o fato dele ser em terceira pessoa. Assim eu posso ter uma visão dos sentimentos dos dois e não pirei imaginando o que um ou o outro estavam pensando. É uma escrita leve e fácil de levar, tanto que demorei poucas horas para devorar a historia. O enredo não é nada grandiosamente elaborado e nem a escrita é cheia de floreios, a leitura não é entediante. No meu caso, foi um ótimo livro para me curar de uma ressaca literária persistente. Bella Andre tem um estilo encantador, apesar de o livro ter emoções exageradas e situações que convenhamos, são bem fantasiosas, é impossível ficar imune ao seu romantismo barato.

      Eu sou extremamente boba por esses “romances de banca” que me fazem suspirar arco-íris de forma descontrolada. Eu me apaixonei por essa historia desde a primeira pagina, foi muito bom lê-la e me sentir nas nuvens durante algumas horas. Tive alguns momentos cheios de “own” com esse livro e recomendo totalmente.

Por Luciana Araújo

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Resenha - Um Gato de Rua Chamado Bob de James Bowen



Quando James Bowen encontrou um gato ferido, enrolado no corredor de seu alojamento, ele não tinha ideia do quanto sua vida estava prestes a mudar. Bowen vivia nas ruas de Londres, lutando contra a dependência química de heroína, e a última coisa de que ele precisava era de um animal de estimação. No entanto, ele ajudou aquele inteligente gato de rua, a quem batizou de Bob (porque tinha acabado de assistir a Twin Peaks).
       Depois de cuidar do gatinho e trazer-lhe a saúde de volta, James Bowen mandou-o embora imaginando que nunca mais o veria. Mas Bob tinha outras ideias. Logo os dois tornaram-se inseparáveis, e suas aventuras divertidas — e, algumas vezes, perigosas — iriam transformar suas vidas e curar, lentamente, as cicatrizes que cada um dos dois trazia de seus passados conturbados.

Um Gato de Rua Chamado Bob é uma história comovente e edificante que toca o coração de quem a lê.

       Não sei o que esperava quando escolhi ler esse livro, creio que fui movida muito mais pela curiosidade do que qualquer outro motivo. Seria uma experiência nova ler um livro sobre um gato e por ser curto, também seria uma leitura fácil. E mais uma vez um livro me surpreendeu de forma gratificante.

       Por seu jeito (e escrita) simples, gostei de James logo de cara. Sua fala é fluida e leve, bem humorada até. O que mais me chamou a atenção nele é a forma “pé no chão” que ele enxerga sua vida e o mundo. A situação de James não é das melhores e ele sabe disso, tem consciência também de como as coisas podem ficar ruins, mas sabe lidar com elas o suficiente para deixa-las estáveis. E temos Bob. Vemos Bob do ângulo de James e talvez por ser escrito com tanto afeto, acabamos sendo influenciados por esse gato laranja e sapeca. Os dois fazem uma combinação perfeita no papel, o que me fez amar rapidamente tanto o bichano quanto o seu dono.

       O livro nos mostra cerca de dois anos da vida de James, os primeiros com Bob. Conta como o gato foi encontrado e a trajetória dele com seu novo guardião. Ouso dizer que é quase uma coletânea de contos, de uma forma ou de outra, nos são apresentadas várias historias sobre a vida de Bob e James. Digamos que não siga um roteiro, um enredo propriamente dito. Não possui uma ordem cronológica linear, são contadas duas historias paralelas de certa forma: James sem Bob e James com Bob . O engraçado é que na maioria das vezes que “James sem Bob” nos é apresentado, é porque foi precedido de “James com Bob”. Sempre mostrando e explicando como e porque, o dono do felino ficou nas condições em que se encontra. Estamos sempre fazendo essa integração no livro, entre o passado e a atualidade.

       Por ser narrado em primeira pessoa, é de fato uma historia contatada, com pouco diálogos e muitos momentos de reflexão, o que acaba tornando o livro repetitivo em alguns momentos. Embora essa pulga ficasse me coçando a orelha em alguns momentos, todos os outros pontos positivos do livro me fizeram superar esse. Mas é um risco que eu sei que corro sempre que me disponho a ler algo em primeira pessoa (o mais comum hoje em dia).

       Eu fiquei perdidamente apaixonada pelo o que eu li, é de fato uma historia de superação. Foi inspirador para mim acompanhar o passo a passo de James, vê-lo ter esperanças graças a Bob e ao mesmo tempo, repetir para si mesmo que as coisas não são fáceis daquele jeito, que não vão continuar assim para sempre. Acredito que esse seja um dos pontos mais fortes de James, ele sempre aceitou suas fraquezas e conviveu bem com elas, até o dia em que foi preciso coloca-las a prova. E as superou e continua superando, graças a Bob.

Por Luciana Araújo

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Resenha - A Seleção de Kiera Kass



       Para trinta e cinco garotas, a “Seleção” é a chance de uma vida. Num futuro em que os Estados Unidos deram lugar ao Estado Americano da China, e mais recentemente a Illéa, um país jovem com uma sociedade dividida em castas, a competição que reúne moças entre dezesseis e vinte anos de todas as partes para decidir quem se casará com o príncipe é a oportunidade de escapar de uma realidade imposta a elas ainda no berço. É a chance de ser alçada de um mundo de possibilidades reduzidas para um mundo de vestidos deslumbrantes e joias valiosas. De morar em um palácio, conquistar o coração do belo príncipe Maxon e um dia ser a rainha. Para America Singer, no entanto, uma artista da casta Cinco, estar entre as Selecionadas é um pesadelo. Significa deixar para trás Aspen, o rapaz que realmente ama e que está uma casta abaixo dela. Significa abandonar sua família e seu lar para entrar em uma disputa ferrenha por uma coroa que ela não quer. E viver em um palácio sob a ameaça constante de ataques rebeldes. Então America conhece pessoalmente o príncipe. Bondoso, educado, engraçado e muito, muito charmoso, Maxon não é nada do que se poderia esperar. Eles formam uma aliança, e, aos poucos, America começa a refletir sobre tudo o que tinha planejado para si mesma — e percebe que a vida com que sempre sonhou talvez não seja nada comparada ao futuro que ela nunca tinha ousado imaginar.

       Distopia ou conto de fadas? Quando penso na série A Seleção essa duvida surge na minha cabeça. A historia se passa no futuro, num mundo pós-alguma-grande-guerra-mundial; temos um governo monárquico ditatorial que controla um país inteiro, as pessoas são divididas por castas e outros tantos detalhes tão conhecidos de outras distopias. Entretanto, o diferencial está no reino e principalmente num reality show cuja função é escolher uma noiva para o príncipe. 
       Quase como uma Cinderela moderna, trinta e cinco garotas das sete castas são escolhidas para entrar na competição, em meio a elas está America Singer.

       O primeiro livro nos mostra a vida de America antes da Seleção e o inicio da sua jornada na competição, que aliás, ela não quer participar. America já tem seu príncipe, Aspen, que é de uma casta mais baixa que a sua e por tanto, não podem se casar. Fato que para eles não é importante e muito menos impeditivo para os encontros e juras de amor que realizarão até o momento em que seus caminhos serão obrigados a se separarem.

       O romance de início é muito água com açúcar, mas melhora quando America entra na Seleção e o príncipe Maxon põem os olhos nela numa circunstância um tanto peculiar. A garota vive um dilema interno, pois se recusa a sair ganhadora da Seleção, não admite casar-se com alguém que não ama, mas o que America não esperava é que aos poucos o príncipe fosse despertar seu afeto, de início como amigo até que então ela começa a vê-lo com outros olhos ainda que a sombra de Aspen continue a perseguindo.

       Algumas vezes durante a leitura tive raive da America por sua indecisão e confusão. De certa forma, eu acabo assemelhando o trio de A seleção com o trio de Jogos Vorazes, ainda que a America tenha muito pouco da Katniss, Aspen me lembra muitíssimo o Gale, o que ajudou para que eu desgostasse do garoto; e o Maxon é tão Peeta que eu não tive como não amar!

       O livro possui vários personagens cativantes, pra quem tem paixão por secundários como eu, é um prato cheio. O enredo é muito bom, mas por ser em primeira pessoa eu acho a historia um pouco mal trabalhada, apesar de ser apaixonada ainda que não possa dizer que é a melhor que já li. Também é um livro que conseguiu me prender. Com suspense na medida certa em momento algum me senti desanimada com a história. Para quem gosta de suspirar pelos cantos por causa de um romance é uma ótima indicação.

Por Luciana

domingo, 5 de janeiro de 2014

Resenha - Noites Italianas de Kate Holmes


Quando Kate decidiu abandonar seu passado, em Melbourne, e começar uma jornada para dentro de si mesma, foi para um país reconhecidamente romântico. Enquanto se encantava com as ruínas de Roma e as praças de Nápoles, esperava encontrar — em ruas estrangeiras — sua verdade pessoal. Mas a peregrinação de Kate exigiu coragem. Encontrar o verdadeiro amor ou, quem sabe, perder-se para sempre de maneira a não ter mais qualquer chance de resgate foram possibilidades reais na Itália... Especialmente para alguém que estava acostumada a viver entre as vielas da escuridão. Em um romântico, mas estranho país, com muitos — alguns bem significativos — casos de amor, e mais algumas noites de sexo sem compromisso, ela vai se perguntar se é, verdadeiramente, um espírito livre, ou uma atriz que decorou tão bem o seu papel de mulher sedutora que já não consegue desvencilhar-se dele...
      Antes de tudo, preciso deixar claro que é um livro que, embora não seja o foco, beira o erótico. Há várias cenas de sexo que são descritas sem poupar detalhes. Digo apenas para ninguém ser pego desprevenido na leitura.
      Iremos conhecer a história de Kate, a própria autora, durante o tempo em que passou na Itália e consequentemente todos os amantes que teve naquelas noites.
      Kate é uma personagem que naquele momento de sua vida está perdida e abalada emocionalmente. Seu atual amante (inglês, mas atualmente morando na Itália) pediu que ela deixasse a casa em que moravam, porém isso não significaria o fim do relacionamento dos dois. E é então que ela parte para várias cidades conhecendo diferente tipos de pessoas e principalmente vários homens, com quem mantém relacionamentos ainda que estes sejam casados. 
      Para ela isso nunca foi um problema. 
      Confesso que pelo subtítulo e pela sinopse esperava uma mulher forte, decidida e completamente independente. De fato a protagonista tem algumas destas características, mas ela também está abalada e carente, muito longe de seu país de origem, e portanto tenta encontrar atenção e conforto em relacionamentos que jamais funcionariam. O que não é um ponto negativo, pelo contrário, enriquece a personagem, somando ainda ao fato de que ela possui uma bagagem que se torna importante para definir quem ela é.
      No passado ela fora prostituta, fato que talvez seja abordado no livro anterior da autora, o qual ainda não li.
      Com uma personagem interessante, o livro peca pela repetição do enredo. É curto, mas em várias partes a história se repete, ela se pega nos mesmos questionamentos e saindo com os mesmos homens resultando nos mesmos problemas.
      Mas isso também não é um grande problema como possa soar. Tudo acontece com uma razão convincente, não se trata de enrolação, se trata apenas de alguém que não vê que não há futuro naquilo em que se está insistindo.
      Quanto a escrita, eu diria que é diferente mas não ruim. No começo há um grande estranhamento na forma com que ela caminha de uma cena a outra de forma abrupta. Sem muitos detalhes. Avançando a narrativa rapidamente levando-nos a sensação de incompletude, mas que se pararmos para pensar não havia de fato necessidade de se prolongar mais naquelas cenas.
      Em alguns outros parágrafos podemos também notar que a autora sabe muito bem lidar com a rima e com o ritmo dos pensamentos que quer passar. Isso apenas não é presente na maior parte do livro.
      Se você procura descrições dos cenários Italianos permeados por todo aquele romantismo costumeiro neste livro não o encontrará. Talvez toda essa falta de detalhes seja até mesmo um reflexo de características da personagem/autora que está muito mais preocupada com seus conflitos e relacionamentos que em ver paisagens, obras, esculturas e cultura local.
     O interessante também é notar que a história não possui um clímax, ao invés, temos uma série que acontecimentos e relacionamentos iniciados que começam a ruir, que a olhos externos não seria nada excepcional, diferenciando então de um clímax usual. 
      Considero portanto, numa somatória, um livro bom. Não incrível, mas muito interessante e que com certeza não me arrependo de ter lido. Eu que não aprecio romances românticos gostei, portanto, se você aprecia acho que o livro é mais que recomendado.


Por Henrique

sábado, 4 de janeiro de 2014

Resenha - Seis Coisas Impossíveis de Fiona Wood


Dan Cereill levou um encontrão da vida: seu pai faliu, assumiu que é gay e separou-se de sua mãe, tudo de uma vez só. Enquanto isso, sua mãe recebeu de herança uma casa tombada pelo patrimônio histórico que cheira a xixi de cachorro, mas que não pode ser reformada...
E, agora, Dan está vivendo em uma casa-relíquia que parece um chiqueiro, com uma mãe supertriste e sem conseguir falar com o pai — que ele ama muito.
Suas únicas distrações são sua vizinha perfeita, Estelle, e uma lista de coisas impossíveis de fazer, como:
1. Beijar a garota.
2. Arrumar um emprego.
3. Dar uma animada na mãe.
4. Tentar não ser um nerd completo.
5. Falar com o pai quando ele liga.
6. Descobrir como ser bom e não sair abandonando os outros por aí...

Estou realmente começando a gostar de livros narrados por garotos em primeira pessoa. E Dan Cereill teve grande influência nisso. 

Ele tem quatorze (quase quinze) anos e depois de ver a família ir à falência e seu pai se revelar gay, Dan muda-se com sua mãe para uma casa herdada de sua tia-avó (casa essa, aliás, que está tombada pelo patrimônio historio). Herdou também Howard, o cachorro.

É nesse plano de fundo que as seis coisas impossíveis de Dan se desenrolam conforme ele vai se adaptando a nova vida. Nova escola, onde ele tenta não ser tão nerd e ao mesmo tempo não ser notado. Nova casa, que possui um forte fedor de xixi de cachorro e é cheia de velharias. O novo estado emocional de sua mãe, divorciada e falida que está tentando começar (sem muito sucesso) um negocio de bolos de casamento. O relacionamento com seu pai, com o qual se recusa a conversar. E seu estado emocional, apaixonado por sua vizinha.

A narrativa e o enredo me lembraram muito aquelas histórias onde a menina impopular galga seu lugar no colégio, faz amizade com os populares e tudo aquilo que vocês já conhecem. A diferença é que neste livro o plano de fundo principal não é a escola, é muito mais a casa do Dan e seus arredores e o livro também possui muito mais histórias paralelas. Na verdade, cada um dos itens da lista de coisas impossíveis de certa forma é uma trama a parte. A narrativa é simples e fácil, com muito bom humor. Poucas vezes eu me senti levemente entediada. Outro ponto a favor é o tom que o protagonista carrega, ele é praticamente um anti-herói. Como ele mesmo diz tantas vezes: até tenta ser bom, mas ser “ruim” é mais fácil.

Dan Cereill é um adolescente em amadurecimento; com suas duvidas e certezas; com suas vontades, escolhas. Ele é um poço de emoções e reações, está sempre tentando chamar a atenção da garota que gosta ao mesmo tempo em que dá atenção para Howard e tem que lidar com sua mãe. Relação essa ultima que não é nada fácil, pois ambos estão passando por momentos difíceis de privações e desesperança, estão sempre cheios de conflitos. Fora sua confusão em relação a seu pai.
O decorrer do livro é cheio de altos e baixos, erros e acertos de Dan. Foi uma ótima leitura para mim e muito fácil também, o livro me prendeu rapidamente e quando dei por mim, já estava terminando. É um livro adolescente e para os padrões, um tanto clichê. Mas principalmente, é maravilhoso. Eu o li sem grandes expectativas, uma boa leitura para passar o tempo e me surpreendi. A evolução do personagem principal fica muito evidente no final, com o bônus de que em nenhum momento do livro ele perde sua essência. Ele amadurece, cresce.

Estamos acostumados a ler toda essa bagunça da adolescência do ponto de vista feminino e ler a narração de um garoto foi uma surpresa muito agradável. Me apaixonei.

Por Luciana