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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Resenha - Bruxos e Bruxas de James Patterson e Gabrielle Charbonnet



       É como entrar em um pesadelo. Do nada, você é retirado de sua casa, preso, e acusado de bruxaria. Parece século 17, mas é o governo da Nova Ordem, e está acontecendo agora!
       Sob a ideologia da Nova Ordem, O Único Que É O Único mantém seu poder à força, sem música, nem internet, nem livros, arte ou beleza. E ter menos de 18 anos já é motivo suficiente para que você seja suspeito de conspiração.
       Os irmãos Allgood estão encarcerados nesse pesadelo e, para escapar desse mundo de opressão e medo, terão que contar um com o outro e aprender a usar a magia.
       Nunca havia lido nada e não tenho vergonha alguma de admitir de James Patterson - um dos autores que mais bem pagos do ano passado - e confesso que me decepcionei. Não sei se vou ler algo mais dele. Acredito que ele tenha feito uso de um ghostwriter - no caso Gabrielle Charbonet - o que não adiantou de muita coisa, visto que possui vários problemas no desenvolvimento e na escrita. 
       Para começar, Bruxos e Bruxas contará a história dos irmãos Allgood que são surpreendidos por um golpe de estado, instaurando uma espécie ditadura e de caça às bruxas; e pela descoberta de que eles mesmos são bruxos e por isso estão sendo caçados.
       A história será basicamente eles tentando fugir do governo e procurando por seus pais.
       Como um ponto positivo posso dizer que achei a premissa - note: premissa, e não enredo - muito interessante. A ideia de uma caça a bruxas moderna misturada com um pouco de distopia poderia sim dar uma ótima história. Mas não é o que acontece devido à vários motivos. 
       Outro ponto positivo é que é uma leitura extremamente rápida. Ainda que com 288 páginas pode ser lido facilmente em 3 horas devido aos capítulos muito curtos, boa diagramação e escrita fluída, ainda que amadora. 
       O livro é divido em partes, e tenho que registrar que gostei muito do título dessas partes que fazem referência a clássicos da literatura e mantêm coerência com o que será narrado, por exemplo: "Sem crime, só castigo" e "Admiráveis Mundos Novos".
       Entretanto estes pontos positivos não são o suficiente para encobrir os pontos negativos. 
       Como já disse, a escrita é fluída, mas o que geralmente é um ponto positivo aqui se torna muito negativo. Sua simplicidade é tanta que a torna amadora e permeada de clichês.
       O enredo também deixa muito a desejar. Há falta de verossimilhança desde o começo, por exemplo: como é possível haver um golpe de estado por um governo do qual ninguém havia tomado conhecimento e ainda se tornou apoiado pelas pessoas de uma hora para outra? Eles não sabiam que eram bruxos, mas em algumas poucas páginas ela já estava dominando seus poderes e fazendo magia sem regra alguma da mitologia.
       Quanto aos personagens não há muito o que falar. Não são bons, nem de longe. E aquele já saturado padrão de mocinhos bonitos e fortes foi usado para construí-los. Qualquer um que tenha um mínimo de experiência com YAs sabe do que estou falando.
       A edição é o que há de melhor. A capa ficou linda e pessoalmente é mais bonita ainda. Usaram do soft-touch para o acabamento da capa com alto relevo no título e verniz na ilustração.      

       Enfim, continuarei lendo a série. Pelo que percebi foi outra pessoa que escreveu a continuação, e espero que tenha conseguido consertar um pouco de todo o estrago que foi feito no primeiro. Acredito sim que algumas pessoas vão gostar. Há várias resenhas positivas no Skoob, por exemplo, portanto aconselho a procurar outras opiniões antes de decidir se você vai ler ou não. 

Por Henrique Marques