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quarta-feira, 4 de julho de 2012

Novidade - Palestras e Matérias de Autores da Modo Editora

Olá lindos, hoje vou trazer duas palestras e uma matéria da Modo Editora :D




PALESTRA DADA POR PAULA VENDRAMINI EM FOZ DO IGUAÇU


Desafios para Novos Escritores
Palestrante: Paula Vendramini, autora do livro DEVOY


       Diante de todo um novo panorama mundial que se estende  para a literatura comercial, com a quebra de preconceitos e  ampliação do que antes era explorado em páginas impressas, novos  escritores se veem frente um desafio: como agradar?
       Hoje os leitores não só leem mais como elevaram o seu grau  de exigências para o que leem. Afinal, sempre esperam se  surpreender com a leitura e desejam que uma obra supere a outra  dentro dos seus gostos. Porém, novos escritores nem sempre tem  incentivo, visão ou orientação sobre como agir. Talento nem  sempre significa base para se construir um nome ou prestígio com o que se escreve. Antes de qualquer processo editorial, o autor  deve fazer uma promessa para os seus leitores: criar um texto que  mereça o tempo de vida que será dado em troca da sua leitura.
       Assim, a palestra de Desafios para Novos Escritores tem  como objetivo orientar aspirantes e aqueles que almejam trilha o  árduo caminho das letras em busca de reconhecimento. Mostrar  que medos são fundamentais nessa jornada, mas que a coragem  para superá-los é o que faz toda a diferença. Que escrever  simplesmente o que se está vendendo não é escolha ideal e que  originalidade é preciso para que o seu trabalho não vire apenas  mais um em prateleiras de livrarias.
       Também, são esclarecidas dúvidas sobre o processo editorial no Brasil, e colocada a própria experiência da palestrante como exemplo para incentivar os novos escritores.



Nascida em Toledo, Paula Vendramini passou sua  adolescência em Foz do Iguaçu e mudou-se para  Curitiba em 2004. Desde sempre gostou de  histórias fantásticas e essas muitas possibilidades  a fez se interessar em fanfics. Juntou-se à um  grupo de escritoras chamado LAP há mais de uma  década onde produz textos relacionados aos seus  interesses. Atualmente estuda Eventos e mora  com marido e filha em Curitiba, trabalhando  como funcionária municipal.














PALESTRA DE LHAISA ANDRIA, EM FOZ DO IGUAÇU


Tendências Jovens na literatura
Palestrante: Lhaisa Andria, autora do livro ALMAKIA


       O fenômeno jovem que a literatura vive hoje ainda não tem um nome  ou escola definidos, mas é inegável que ele não só afetou como criou toda  uma nova geração de escritores, com influências pop e fantásticas.
       Até os anos 90, a preferência mundial cabia aos romances policiais e  thillers, com intrincadas tramas de ações e suspense, em uma vasta lista de  Best-sellers. Com o início do novo século, e o sucesso estrondoso de uma  série, inicialmente voltada para o público infanto-juvenil, houve uma  transformação no cenário literário comercial. Com os recordes nunca antes  conseguidos da série Harry Potter – que não só fez com que crianças do mundo  todo descobrissem o prazer de se folhear centenas de  páginas de um livro  acompanhando uma aventura, como conquistou público de todas as idades, – vários outros livros fantásticos foram redescobertos e novas oportunidades  para escritores desse estilo surgiram. Agora, depois uma década, aqueles que  antes eram  apenas leitores desvendando um mundo de possibilidades da  escrita, estão publicando seus próprios trabalhos, ganhando prêmios e  reconhecimentos por todo o mundo. O cenário da literatura mundial não está  mais apenas repleto de jovens e ávidos leitores, mas  também de jovens e  promissores escritores.  Os personagens que habitam esse novo mundo da literatura não são, necessariamente, novas criações, mas antigos personagens com roupagens  diferentes. Os terríveis vampiros e lobisomens que antigamente inspiravam  horror agora são os disputados mocinhos das historias; os poderosos deuses do  Olimpo agora criam intrigas em plena Nova York; os anjos não só estão caindo  do céu como estão trazendo suas próprias guerras para o meio mundano.
       Assim, em uma diversidade fantástica nunca antes tão ampla e explorada no  mundo, o que os próprios propagadores dessa tendência pensam sobre o  assunto? Será que eles têm consciência de que as influências que estão  criando e seguindo neste momento um dia serão tópicos discutidos em salas  de aulas?
       Com o objetivo de não somente trazer essa visão de literatura  posterior, o tema Tendência Jovens na Literatura tem intuito de gerar  discussão em cima do assunto de responsabilidade literária. De que as pessoas  vejam de forma consciente como seus gostos no agora estão despertando uma  nova escola literária, com um gênero que antes nunca fizera tanto sucesso, e  que esse fato tanto ter consequências positivas quanto negativas.

Catarinense de certidão e paranaense com orgulho, Lhaisa Andria nasceu em Xanxerê e cresceu em Foz do Iguaçu. Desde cedo se encantando com mundos fantásticos, não demorou em descobrir as fanfics e aprimorar suas formas de escrever nesse universo de possibilidades. Junto com amigas durante a escola, criou o grupo de escritoras LAP, ativo há mais de 10 anos, onde produz textos e desenhos relacionados aos seus interesses. Licenciada em Letras, atualmente é redatora da Trafor Agência de Comunicação e faz parte de ALEFI (Academia de Letras de Foz do Iguaçu).

MATÉRIA FEITA COM O AUTOR DIRCEU W. RAMOS


       Penso assim: Tenho outros dentro de mim, mais ou menos como Fernando Pessoa definiu, e esses outros precisam/desejam se manifestar. Acho que tenho controle sobre eles ou, quem sabe, eu seja o boneco de ensaio deles achando que os controlo e, na verdade, o personagem seja eu... Tem um escritor doido/masoquista construindo meu roteiro.  
       Agora, pessoa comum... Não sei dizer, até porque não acho nenhuma pessoa comum, mas na vida pessoal não flerto com esses questionamentos, de jeito nenhum. Brindo a vida porque não sei o que tem do outro lado da cortina, então, fico observando o que meus personagens trazem de lá, relato e reparo no que sinto, verdadeiramente, é o que vai importar no final das contas. 
       Poesia... Sempre fui um incorrigível apaixonado, desde "frangote". Lia muito, amava Neruda ao 10 anos de idade, Drummond aos 11 e Luis Fernando Veríssimo (que não tem nada a ver com poesia) até hoje. Sou exageradamente autocrítico, por isso não gosto de ler poesia, mas ainda faço. Gosto da linguagem curta, começo, meio e fim, rapidinho, com inteligência e estilo. Aos 17 anos publiquei um livro de poesias (horroroso) e depois mais dois (melhores, mas não menos descartáveis). Acho que é isso.  
       Espero deixar uma mensagem de transformação. Se o que eu escrevo não puder cumprir esse papel de questionamento para aqueles que leem, se não puder ajudá-los a melhorar como pessoas, pelo menos a tentarem melhorar, então minha escrita não tem a menor serventia. Só espero isso da literatura, não busco sucesso pessoal, busco mudança, transformação, um degrau de cada vez, pra cima. 
       Sempre sonhei em publicar livros, confesso que tive mais fervor por essa ideia, mas hoje, não. Parece mais natural que isso ocorra agora, não sei explicar, porque antes era por vaidade, mas hoje não. Não tenho a ilusão de ser um Best Sellers ou dar uma entrevista no Programa do Jô (rsrs). Não tenho a vaidade de observar pessoas olhando para mim com cara de "ó, lá vai o intelectual" ou "vamos perguntar pra ele, ele certamente terá uma resposta inteligente para isso". Isso deixou de ter importância, não sei se defino como amadurecimento ou desapego. Quando recebi o convite da Modo, fiquei mais surpreso que feliz. Havia acabado de publicar um outro livro e me pediram pra analisar outras duas obras. Surpreso, porque não tinha planos para as obras solicitadas e mais ainda, escolheram exatamente a que eu achei que não seria escolhida (rsrs). Confesso que fui ficando feliz devagarzinho, absorvendo a coisa toda, conhecendo pessoas interessantes e interessadas, saindo do meu mundinho solitário de escritor. Não estou ansioso, como era de se esperar, mas apreensivo com o próximo passo, cuidadoso, porque aprendi que é um de cada vez pra se alcançar o que se pretende. E grato, pela oportunidade de estar num time forte, vencedor. Não me sinto realizado, sempre serei um eterno inconformado porque se fiz ou se fizer algo extraordinário com certeza acharei que poderia ter sido melhor, não busco a perfeição, isso é para os prepotentes, busco ser alguém melhor, dia a dia.  
       Escrever é um dom, se é para definir, para mim é isso. Tenho a intrigante sensação de que mais que observador, sou observado, de que não escrevo nada, só transcrevo o que alguma voz me dita, a coisa do criador/criatura mesmo. Não consigo imaginar minha vida longe das letras, desde muito menino tem sido assim. Não faço ideia de como seria a minha vida sem a escrita, sem a inspiração, não consigo vislumbrar essa possibilidade. Sou o que sou pelo que li, pelo que fragmentei das obras que visitei, que me deram a condição de discernir valores bons e ruins. Sou o cara que escreve aquilo que sente, mesmo se aquilo que escreve, seja o que sente, quem me sopra nos ouvidos o que escrevo. Confuso? Não é não, leia de novo (rsrs).   
       Eu gostava de desenhar, quando menino. Gostava de tocar piano mais adiante. Sinceramente não sei responder se há diferença, pelo que entendi da pergunta, de sentimentos entre um e outro. Um escritor, um escultor, um músico, um doutor, um professor... Havendo amor sincero, há entrega. Havendo entrega e amor, há satisfação pessoal, que creio ser o que todos procuram. Estar satisfeito com aquilo que produziu é um passo fundamental para agradar aquele que vai consumir sua obra, seja ela qual for.          
       Costumava classificar meus escritos de "filhos". De tanto ouvir dizer que os pais não fazem diferença entre os filhos, descobri que isso é mentira (rsrs). Então parei de chamar meus filhos de escritos (?) rsrs. São filhos sim e sim, fazemos distinção porque nenhum é igual ao outro, circunstancias e oportunidades mudam tudo. Saíram de mim, portanto, são meus filhos e me identifico com todos. "Eu escolhi você para viver minha história" é o livro que mais me identifico por ser mais pessoal, forte e testemunhal. 
       Todas as histórias já estão prontas em algum lugar. Ninguém me convence do contrário, nem tente (rsrs(. Essa afirmação é sadia e estudada, acreditem. O autor precisa sentir, obviamente, aquilo que escreve, do contrário é melhor ser roteirista, se gosta de escrever mas não sente. Ele vive o que escreve, não consigo imaginar de outra maneira. Ele não precisa estar na Bósnia para escrever sobre o massacre ocorrido lá, mas ele sente a dor, ele quase toca nos escombros. É isso.


Lançamento - Julho de 2012